Uma coisa que sempre me intrigou é saber qual é o meu prazo de validade como cliente de uma organização qualquer.
Eu explico, se não adivinharam já:
Quando o alvo (que sou eu, com o devido sorriso alvar) compra um determinado bem ou serviço e paga o seu próprio cartão de boas-festas, é certo que o receberá nesse próximo natal.
O que já não é muito provável é que o receba de novo no natal seguinte.
Mas por vezes, ao fim de um lustro ainda recebe os votos de um próspero ano novo.
Estou convencido de que há uma fórmula secreta qualquer para calcular esse prazo.
Não, não tenho comprado coisas a prestações. Se assim fosse, eu ainda percebia que eles não se esquecessem de mim.
Uma das vezes até foi embaraçosa, porque os moços tinham lá o meu nome e a morada de uma antiga namorada e fizeram o obséquio de mandarem o cartãozinho para os pais dela. Fui interpelado na rua e lá expliquei porque é que uns tipos que alugavam apartamentos me tinham mandado as boas festas para a morada deles.
Mas há uma que me deixa perplexo:
Porque é que a minha mãe recebeu sete cartões exactamente iguais da mesma empresa, no natal passado?
Cada vez que me convenço mais que a tal fórmula é uma função da margem de lucro.
Um concurso na rádio.
Sobre Portugal.
Perguntas para camionistas, que correm ceca e meca.
Primeira pergunta – Quais são os rios que confluem em Constância?
O Tejo. Essa sei eu.
Pois... e o outro qual é?
O outro? O Tejo sei, o outro? O outro?
Sim, são dois rios...
Outro rio?
Z... Z.... Zê....Zêze...
O Zêzere?
Claro.
Segunda pergunta (para outro concorrente) – Quantas ilhas tem o arquipélago dos Açores?
(Risos)
Para aí nunca fui.
(Mais risos)
E não sabe quantas são?
Não.
Bem, como já ajudei o outro... quem de dez tira um...
Nove.
Muito bem, vamos a outra (para o primeiro concorrente) – A que promontório está ligado o nome do Infante Dom Henrique?
....
Não sabe?
Se eu soubesse o que é um promontório...
Não sabe o que é um promontório?
Não.
E você (para outro concorrente)?
O outro sabia.
Há anos, ouvi alguém responder “O Mistério da Batalha”.
uma coisa na cabeça, o V.H. é lixado.
Perguntou-me hoje:
“Olha lá, quem é que disputou as eleições no Benfica com o Dr. Vilarinho?”
Vi logo que aquilo não era pergunta. Era um requerimento. Bastou-me olhar para a cara do parceiro que estava com ele a beber uns Favaios.
Não me deu tempo de responder. Olhando para o outro com um ar ameaçador, fingia dirigir-se a mim: “Foi o Bush, não foi?”
Mantendo-me nesta presunção de que sou seguido, monitorizado e me encontro prestes a defrontar-me com o sinistro agente galego, resta-me deixar aqui as pistas para que os meus amigos me possam vingar no caso do desenlace ser fatal.
Desde 12 de Outubro, em que surgiu ameaçador, levantando o véu sobre o local onde pretenderia levar a cabo a sua acção (túnel das Fontaínhas, em Setúbal), aconteceu o seguinte:
Do Brasil, a 20 deste mês, com a maior ausência entre contactos até agora, por certo devida ao meu alerta nestas páginas, faz uma ameaça digna de Joker:
- filme Disney de inundação No dia seguinte, já em Portugal, referencia-me historicamente ao volante de um
- sado carro portugues Reparem na sequência: Setúbal, inundação, Sado. Creio tratar-se de algum tipo de código que decerto escaparia à equipa de Turing.
E logo no outro dia, de volta ao Brasil não me dá um conselho, mas um concelho:
- concelho ultramarino Se pudesse escolher, escolheria o de Mocimboa da Praia.
Mas fico-me nas covas, não é um concelho nem um conselho, é uma ameaça: Dou-te um conselho, Ultramarino!...
E lá está, Setúbal outra vez. Se isto não é um sinal, então não sei o que é.
Porque no mesmo dia, diz:
- postais antigos setubal E um dia depois, repete-se e de novo em maiúsculas:
- SALSAPARRILHA O que significa que salsaparrilha ou é algum tipo de senha, ou o vil disfarce de que pretende fazer uso, como já receava lá atrás.
Ainda nessa data, um enigmático:
- rapaz de olhos azul en braganca Estávamos no rescaldo do disparate que todos sabem. E reparem num pequeno pormenor, enganou-se no en e não pôs cedilha, traindo assim a influência castelhana.
Dois dias depois, segue a mesma linha, já claramente identificado com o disparate da revista americana:
- rapaz semi nu fotos Ou quem sabe querendo abrir outras frentes. Sai-lhe o tiro pela culatra.
E a 26, dia a seguir, talvez uma nova ameaça à Joker:
- imagens de sismos A 28, mostra conhecer bem os meus interesses mais uma vez:
- história das pontes Ficamos sem saber quais, é certo. Se são de hidrogénio, se de fim-de-semana. Mas acerta na mouche.
E a 29, com uma precisão cirúrgica. Não gosto nada desta expressão, mas já está, paciência:
- escaparates en los campos eliseos de paris Se se derem ao trabalho de repetir a experiência, verão que esta página é a única em língua portuguesa que aguenta o embate. O estranho da coisa é que ele está então no Perú.
No mesmo dia, extraordinariamente, usa o Sapo:
- fornalhas velhas Não acredito que seja uma ameaça de cremação, mas sim uma referência toponímica. Sabe que eu conheço, que já lá entrei nos cafés e mais do que isso, deve estar a par da célebre excursão das cabeças de borrego.
E logo depois, a 30, que é hoje, uma barragem. Primeiro, pede-me uma
- resenha ford da minha história ao volante. Sabe então do Escort e dos outros que me passaram pelas mãos: as Transit, o Cortina, os Fiestas, etc. Fique à espera, sentado.
Depois, vulgariza-me:
- Zé Povinho Não se sabe como, volta ao Brasil e Procurou? Zoom, achou. Outra vez, eu não digo?
- salsaparrilha agora em minúsculas, para disfarçar.
Ainda no Brasil, retoma o mote revisteiro:
- amadora mulheres nuas Talvez uma ameaça de tortura diferente. É possível. Quase me alicia para a boca do lobo.
Termina com isto:
- jantes porto Ok, já não volto ao Porto sem me certificar que os parafusos das rodas estão bem apertados.
Mas será o porto de Setúbal?
Se eu não voltar aqui, já sabem o que têm a fazer.
No último post falei de um tempo em que não havia telemóveis. Foi uma força de expressão.
Já existia o Serviço Móvel Terrestre dos CTT. Havia carros com telefone, embora o sistema fosse outro.
O que é curioso é que ao procurar dados sobre isso, parece que tudo começou na década de 90.
Nem uma palavra sobre o antigo serviço.
As coisas parece que só existem ou existiram se houver delas registo. Se só estiverem na cabeça de meia-dúzia de elefantes, é porque nunca existiram.
Mas não haverá registos em algum lado deste serviço?
Quantos assinantes tinha em 1970?
Eu cá gostava de saber.
Também ninguém sabe "A Portuguesa" do princípio ao fim. Toda a gente conhece apenas um terço.
E, todavia, vinha nos livros da escola.
Tal como o indicativo do Serviço Móvel Terrestre vinha na lista telefónica.
Mistérios.
Tudo começa por um acaso.
O primeiro que se lembrou de assar um porco, não se lembrou. Apanhou-o meio tostado das cinzas de um incêndio.
Ao nosso amigo B.S. aconteceu-lhe o mesmo.
Arranjou um trinta-e-um no casamento do irmão, com os carros (nesse tempo não havia telemóveis, é claro), que acabou por conduzi-lo à igreja numa carrinha do Gazcidla.
Um incidente assim tornou-o célebre. E ao casamento do irmão, também.
Então do que é que ele se lembrou?
De fazer vida disso. De fazer vida, não é bem. Ia-se divertindo.
Decidiu ser um criador de incidentes célebres.
Dizia ele que para um incidente ser célebre, tinham que se respeitar dois aspectos essenciais:
Fazê-lo numa data marcante, mas nunca num funeral, e torná-lo completamente inesperado.
Ora a coisa resumia-se a casamentos, baptizados, inaugurações e pouco mais.
E não havia ocasião dessas em que todos não estivessem de olho nele. O que lhe dificultava muito as coisas.
Respondia sempre com o ar superior que um infeliz acaso, lá para trás, lhe conferira: “Marcado é que a coisa se torna aliciante. Já viram algum bom avançado, que não seja bem marcado?”
Em matéria de casamentos, fez o que pode.
Foi o célebre grito de Fornos de Algodres, aos ouvidos dos pais da noiva: “Mas esta não é a Cristina!”
Foi o ter conduzido o fotógrafo a tirar uma foto da noiva ao lado de um chafariz onde se podia ler “Imprópria para consumo”.
Foi ainda ter trancado com correntes grossíssimas a garagem onde se guardava o carro de cerimónia.
Mas nada que lhe trouxesse a fama a que verdadeiramente aspirava.
Um dia, teve a sua oportunidade.
Um programa de rádio dispunha-se a felicitar aniversariantes, às primeiras horas do dia, desde que alguém das suas relações se dispusesse a entrar no ar e a acordar por telefone a pessoa em causa.
B.S. ligou para a rádio, deu os seus dados e disse que queria acordar a irmã, a qual não via há alguns anos, pois estava casada com um gajo americano cheio da massa e não passava cartão a pelintras. Não foi bem isto que ele disse, mas pronto.
A coisa ficou marcada para o aniversário da irmã, daí a umas semanas.
Uma semana depois, voltou a ligar para a rádio, choroso, a contar como os pais tinham falecido num desastre de viação.
Perguntaram-lhe se ainda assim, queria manter a chamada para a irmã.
Disse que sim, que afinal era uma forma de lhe mostrar afecto e que o cunhado até parecia ser bom tipo. Tinha-o visto pela primeira vez no dia do funeral.
No dia aprazado, o telefone tocou em directo na rádio. Era a chamada prévia para casa de B.S., para se estabelecer a ligação com a irmã.
Tocou, tocou, tocou.
Então ouviu-se uma voz rouca dizer: “It’s ok. The job is done, I’m out of here.”
a imagem utilizada tem uma origem que já não consigo identificar, mais uma vez as minhas desculpas por MCV às 02:29
e o meu corcel de trabalho lá ao fundo por MCV às 04:37
Ainda o Gasolim (não é narcisismo, não)
Quem fizer a pesquisa deste nome, encontra diversas entradas para o meu blogue; gentilezas de quem me citou; duas brincadeiras de garotos (uma delas, uma cópia de um post devidamente assinalada); o tal censo de 1870; uma ou duas gralhas que se percebem facilmente e um endereço .jp.
Ora aqui é que está o busílis da questão. Desde que tenho conta aberta no Hotmail como Gasolim que recebo um spam não em japonês, mas em coreano. Alguém me explica isto?
Não é segredo nenhum que quando o indígena se dispõe a escrever aqui umas coisas, espera sempre que haja alguém algures que lhe aprecie a prosa.
E como, passe a imodéstia, les beaux esprits se rencontrent, ocorre que o indígena, sem favor algum, aprecia também os seus pares.
Ora porra, no espaço de dois dias, os meus amigos subterrâneos (a nossa anónima familiariedade andava pelos mails e pelo MSN) fazem-me a partida.
Primeiro, um prémio. Depois, um repto.
E agora, Gasolim?
Agora, o seguinte:
Quanto ao prémio, minha cara Lilian, fico à espera de mais. E mais, é mais escrita, mais impressões do outro lado do mar, de que ouço toda a gente falar e não conheço. Mais, é mais de um olhar sobre coisas que pressinto e nunca vi, de emoções de juventude que já lá vão e que podemos ler na vida dos outros, ainda que mal o façamos.
Quanto ao repto, meu caro Anarcka, fico à rasca. Lembro-me bem dos chícharos, do jantar de chícharos, com carne de porco. Diz a minha mãe que se semeavam lá na horta do monte, era produção própria. Nunca mais comi tal iguaria. A bem dizer, nem me lembro de os ver à venda.
E já que falamos disso, o que é feito da sopa de acelgas, da sopa de beldroegas com queijo de cabra, da sopa de poejo com talhadas de toucinho?
E dos agriões da ribeira?
E começou a nossa polémica com a cantada Albergaria dos Doze. Que grande desvantagem a minha, alentejano charnequeiro, face a quem é originário das redondezas!
Vá, continuem, não me deixem a falar sozinho.
Já aqui referi a curiosidade de ter existido pelo menos um indivíduo com o nome que adoptei.
Só soube disso este ano, quando o nome me apareceu a primeira vez numa pesquisa.
Gasolim era aparentemente um empregado de um tal Waterman, em Mount Vernon, Illinois.
E teria nascido em 1848 ou 1849, filho de mãe estrangeira.
Tinha 21 anos à data do censo, em 1870.
O curioso do nome associa-se decerto à fabricação de gasolina. Ora, as referências que encontrei, a esta palavra, datam-na dos meados do século XIX, mas apontam para 1865.
Assim, levantam-se as seguintes dúvidas:
1 – O homem chamar-se-ia mesmo Gasolim?
2 – A chamar-se assim, seria por uma razão diferente da ligada ao aparecimento da gasolina?
3 – Terá esta designação surgido anteriormente à data apontada?
4 – Seria apenas uma alcunha, oficializada no censo?
5 – Haverá qualquer outra explicação? E precisa haver?
Nunca sei qual é o seu dia.
Falo do São Rústico, o decapitado, meu padroeiro. Por que ele parece que há outros.
Há uns anos, uma agenda apontava para 26 de Outubro, o dia de hoje.
Numa pesquisa Google, aparece para 2001, a data de 9 deste mês.
Não me interessa.
Não é todos os dias que um santo beija a própria cabeça depois de a apanhar do chão, para morrer em seguida aos pés de uma mulher.
Na imagem, no entanto, a dita senhora não figura. Só os mártires Dinis, Eleutério e Rústico e os seus algozes.
Tenho este em meu apoio e não consigo descobrir de onde é que tirei a iluminura, as minhas desculpas. por MCV às 00:38
Assim
Vejo-me obrigado a divulgar mais uma lista de pesquisas pára-quedistas que aqui aterrou...
São adequadas no disparate ao lugar disparatado que este é.